(1) Entidade geográfica mencionada
Comhay. Comhay 44(2), 55(1), 81(1), 82(1), 129(1), 189(1).
Nas orações: 527, 658, 972, 985, 1751, 2832.
- [527](Cap. 44) E concluydo por fim de todos estes varios pareceres, no milhor & mais seguro, mandou leuantar bandeyra de veniaga ao custume da China, pelo que logo vierão da terra duas lanteaas, que saõ como fustas com muyto refresco, & os que vinhão nellas, despois de fazerẽ suas saluas, entraraõ dentro no junco grande em que vinha Antonio de Faria, porem vendo nelle gente que atê então nunca aly tinhão visto, ficarão muyto espantados, & perguntãdo que homẽs eramos, ou que queriamos, lhes foy respõdido que eramos mercadores naturais do reyno de Sião, & que vinhamos aly a fazer fazenda cõ elles, se para isso nos dessem licença, a que hum homem velho que parecia de mais autoridade, respondeo que sy, mas que aquelle lugar onde estauamos não era o onde ella se fazia, se não outro porto mais adiante que se chamaua Guamboy, porque nelle estaua a casa do contrato da gente estrangeyra que a elle vinha, como em Cantão, & no Chincheo, & Lamau, & Comhay, & Sumbor, & Liampoo, & outras cidades que estauão ao longo do mar para desembarcaçaõ dos nauegantes que vinhão de fora, pelo qual lhe aconselhauão como a cabeça dos membros que trazia debaixo do seu gouerno, que logo se fosse daly, porque como aquelle lugar não seruia de mais que de pescaria de perolas para o tisouro da casa do filho do Sol, na qual por regimento do Tutão de Comhay, que era o supremo Gouernador de toda aquella Cauchenchina, não podião andar mais que sós aquellas barcaças que para isso estauão determinadas, todo o outro nauio que se achaua aly mais, era logo por pena de justiça queimado com toda a gente que nelle vinha.
- [658](Cap. 55) o qual lhe respondeo, era do sem ventura de meu pay, a quem cahio em sorte triste & desauenturada tomardeslhe vòs outros em menos de hũa hora o que elle ganhou em mais de trinta annos, o qual vinha de hum lugar que se chama Quoamão, onde a troco de prata comprou toda essa fazenda que ahy tendes, para a yr vender aos juncos de Sião que estão no porto de Comhay, & porque lhe faltaua a agoa quiz sua triste fortuna que a viesse tomar aquy para vós lhe tomardes sua fazenda sem nenhum temor da justiça do Ceo.
- [972](Cap. 81) Elles nos tornarão a preguntar que determinaçaõ era a nossa, ou para onde queriamos yr, a que respondemos que para a cidade de Nanquim, para dahy por remeyros das lanteaas, nos irmos para Cantão, ou para Comhay, onde os nossos naturais, com licença do Aytao do Paquim fazião suas fazendas debaixo do seguro & verdade do filho do sol, lião coroado no trono do mundo, pelo que lhes pediamos pelo amor de Deos, que nos deixassem estar aly naquella casa atè conualecermos, & termos forças para podermos caminhar, & nos dessem algũa maneyra de vestido para nos cubrirmos, elles todos quatro nos responderaõ, razão he que se dé a essas vossas nuas carnes o que com tantas lagrimas nos pedis, mas a casa ao presente está tão pobre, que isso nos farà não cumprirmos de todo com a nossa obrigação, mas o que podermos tudo faremos de muyto boa vontade; então nos leuaraõ, assi nùs como estauamos, por todo o lugar que podia ser de quarenta ate cinquenta vezinhos, pouco mais ou menos, & segundo o que viamos nelle, de gẽte muyto pobre que viuia por seu trabalho, & nos tiraraõ de esmola dous taeis em dinheyro, & hum meyo saco de arroz, & hũa pouca de farinha, & feijoẽs, & cebollas, & assi mais algum vestido velho, com que pobremente nos remedeamos, & da mesa da albergaria nos derão outros dous taeis de prata, & de ficarmos aly se escusarão, dizendo que não era costume estarem aly os pobres mais que tres dias até cinco, tirãdo se fossem homẽs doentes, ou molheres prenhes, aque sempre se tinha muyto respeito por não poderem caminhar sem perigo, pelo qual elles por nenhum caso podião quebrar este regimento que antigamente fora feito por pareceres de homẽs doutos & religiosos, mas que daly a tres legoas nũa villa grande que se chamaua Sileyjacau, auia hum esprital muyto rico em que recolhião toda a maneyra de pobres, no qual podiamos ser curados muyto milhor que naquelle que era pequeno & pobre conforme ao lugar onde estaua, & que para isso nos darião hũa carta de encomenda assinada pelos da irmandade, pela qual nos recolherião logo.
- [985](Cap. 82) a que respõdemos que eramos pobres estrangeyros, naturais do reyno de Sião, & que nos perderamos no mar cõ hũa grande tormenta, da qual nos Deos saluara daquella maneyra que nos vião, a que ella tornou, pois, que quereis que vos façamos, ou que determinais de fazer, porque aquy não ha casa de repouso de pobres onde vos possamos agasalhar, a que hum dos nossos, cõ lagrimas & meneos exteriores conformes a nosso proposito, respondeo, que Deos, por quem era, nos não desempararia da sua mão poderosa, cõ lhes mouer os coraçoẽs a se apiadarem de nós & de nossa pobreza, & que nossa determinação era caminharmos por aquella pobre via até a cidade do Nanquim, para dahy por remeyros das lanteaas dos mercadores que hião para Cantão nos yrmos ao porto de Comhay onde auia muytos juncos da nossa terra em quo nos embarcariamos.
- [1751](Cap. 129) Estes dous esteyros & o rio de Ventinau de que atras fiz menção, passamos com muyto trabalho & perigo, por causa dos muytos cossayros que auia nelles, & chegamos â cidade de Manaquileu, que està situada ao pé dos montes de Comhay na arraya dos reynos da China & do Cauchim, na qual estes embaixadores tambos foraõ bem recebidos do Capitão della.
- [2832](Cap. 189) E com quanto he este que digo, conhece superioridade por via de vassallagẽ & de tributo ao Rey da China, paraque com isso possa mandar os seus juncos ao porto de Comhay, onde fazem suas fazendas.
(2) Objecto geográfico interpretado
Porto (montes). Parte de: China.
Referente contemporâneo: Guanghai, China (AS). Lat. 21.961640, long. 112.793070.
Porto. GT Kwang-Hoi ou Kwanghai em 21º 58’N, 112º 43′ E.