(1) Entidade geográfica mencionada
Fucheo. Fucheo 134(1), 135(1), 136(1), 137(1), 200(1), 201(1), 202(1), 208(1), 209(1), 211(1), 213(1), 214(1), 223(1), 224(1), 225(2).
Nas orações: 1835, 1845, 1862, 1888, 3021, 3047, 3057, 3201, 3202, 3248, 3315, 3347, 3518, 3551, 3583.
- [1835](Cap. 134) E despois a derradeyra vez que me là mandou o Visorrey dõ Afonso de Noronha com hum presente para o Rey do Bungo, que foy no anno de 1556. me affirmaraõ os Iapoẽs, que naquella cidade do Fucheo, que he a metropoly deste reyno, auia mais de trinta mil.
- [1845](Cap. 135) Da casa do Fucheo, aos sete mamocos da Lũa.
- [1862](Cap. 136) Vinte dias continuos despois que cheguey a esta cidade Fucheo, passey muyto a meu gosto, ora em responder a varias preguntas que el Rey, a Raynha, o Principe, & os senhores me fazião, como gente que naõ tinha noticia de auer mais mundo que Iapaõ, & não me detenho em dar relação do que me elles pregũtauão, & eu respõdia, porque como tudo erão cousas de pouca sustãcia, pareceme que não seruirâ de mais que de encher papel cõ cousas que dera mais fastio que gosto: ora em ver as suas festas, as suas casas de oraçaõ, os seus exercicios de guerra, os seus nauios darmada, & as suas pescarias & caças a que saõ muyto affeiçoados, principalmente âs de altenaria com falcoens & açores ao nosso modo, & algũas vezes passaua tambem o tempo com a minha espingarda, matando muytas rolas, & pombos, & codornizes, de que a terra era bem abastada.
- [1888](Cap. 137) E mandandome logo esquipar hũa funce de remo apercebida de todo o necessario, & com vinte criados seus, & hum homem nobre por capitão della, me party desta cidade do Fucheo hum sabado pela menham, & â sesta feira logo seguinte ao Sol posto chegamos a Tanixumaa onde achey os meus dous companheyros que me receberaõ com assaz de alegria.
- [3021](Cap. 200) E partindonos daquy ao outro dia seguinte para o reino do Bũgo que distaua daly para diante cem legoas para o Norte, prouue a nosso Senhor que aos cinco dias da nossa viagẽ surgimos no porto da cidade Fucheo na qual do Rey, & da gente da terra fomos bẽ recebidos, & com muito fauor & franqueza nos direitos de nossas fazẽdas, & muito mais ouuera de ser ainda, se por nossos peccados o não matara neste breue tempo que aquy estiuemos, hum seu vassallo por nome Fucarãdono, principe poderoso & senhor de muitos vassallos, de muita rẽda & de grãde estado, o qual desestrado caso foy desta maneyra.
- [3047](Cap. 201) Naquelle mesmo dia se deu rebate de tudo o que era passado ao principe filho del Rey, que naquelle tempo estaua na sua fortaleza de Osquy, sete legoas da cidade Fucheo, o qual assaz sobresaltado com esta noua, despois que lamentou a morte de seu pay, se quisera vir logo meter na cidade cõ algũs priuados seus que então sómente tinha comsigo, porem o Fingeindono seu ayo lho não consintio, põdolhe diante muytas razoens que auia para o não fazer até se não saberem os termos em que aquelle negocio então estaua, porque de crér era que quem se determinara a matar seu pay, não arrecearia matallo tambem a elle, pois tinha ainda póder para isso, & elle então para se defender não tinha nenhum, mas que com toda a presteza ajuntasse logo toda a mais gente que lhe fosse possiuel, porque com ella sojeitaria & castigaria seus inimigos.
- [3057](Cap. 202) Como nos passamos desta cidade Fucheo, para o porto de Hiamangoo; & do que nelle nos aconteceo.
- [3201](Cap. 208) Cõ esta reposta despidiraõ logo o Christão que lhes trouxe a carta, o qual hia bẽ contẽte pelo muyto que lhe deraõ, & pelo bõ gasalhado cõ que foy tratado os dias que aly esteue, & em cinco dias de caminho chegou à cidade de Omanguche, onde o padre pela certeza da nao, & pelas cartas que lhe trouxe o recebeo cõ grande aluoroço, & daly a tres dias se partio para a cidade do Fucheo, que he a metropoly do reyno do Bungo, onde nesta nao que tenho dito, que era de Duarte da Gama, estauamos então trinta Portugueses, fazendo nossas fazendas, & hũ sabado chegaraõ a nòs tres Iapoẽs Christaõs que vinhão em sua cõpanhia, pelos quais o capitão Duarte da Gama soube que o padre ficaua daly duas legoas em hũ lugar que se dezia Pimlaxau com dòr de cabeça, & os peis inchados das 60. legoas de caminho que até ly tinha andado, & que lhe parecia, segũdo vinha mal desposto, que auia mister algũs dias para se curar, & poder acabar o caminho, ou hũa caualgadura em que viesse se a quisesse aceytar.
- [3202](Cap. 209) Como este bemauenturado padre chegou ao porto de Finge onde estaua a nossa nao, & do que passou até yr ver el Rey do Bungo â cidade Fucheo.
- [3248](Cap. 211) Quarẽta & seis dias eraõ passados despois que este bemauenturado padre entrou nesta cidade Fucheo, metropoli, como ja disse, do reyno do Bũgo na ilha Iapaõ, nos quais sempre entendeo tanto de proposito na conuersaõ das almas, sem tratar doutra nenhũa cousa, que de marauilha Portuguez nenhum podia ter delle hũa só hora, senão se era ás noites em praticas espirituais, & nas menhãs nas confissoẽs.
- [3315](Cap. 213) Naõ se acabaraõ por aquy as disputas do nosso sãto padre co bõzo Fucarãdono, porque ajũtando elle a sy outros seis em que tinha confiança, o vieraõ buscar muitas vezes, & lhe propunhão muitas questoẽs, nas quais arguyão sẽpre muytas cousas de nouo cõtra a verdade que o padre lhes pregaua, & duraraõ nellas por espaço de mais cinco diss, nos quais el Rey sempre assistio em pessoa, assi por folgar de os ouuir por via de curiosidade, como pelo seguro que de sua palaura tinha dado ao padre a primeyra vez que se vio cõ elle nesta cidade Fucheo, como atras fica dito.
- [3347](Cap. 214) Ao outro dia pela menham despois que o nosso santo padre com todos os Portugueses se despidio del Rey, o qual nesta despidida lhe fez as honras & o gasalhado que sempre custumara, nos viemos embarcar, & nos partimos desta cidade Fucheo, & vellejamos por nossa derrota à vista de terra atè hũa ilha del Rey de Minâcoo chamada Meleitor, & atrauessando daquy com ventos de moução tendente, continuamos nosso caminho por espapo de sete dias, no fim dos quais o tempo com a conjunçaõ da lũa noua nos saltou ao Sul, & ameaçandonos com chuueyros & mostras de inuerno, veyo em tamanho crecimento, que nos foy forçado arribar em fim de roda com a proa ao rumo de Nornordeste por mar incognito, & nunca nauegado de naçaõ nenhũa, sem sabermos por onde hiamos, entregues de todo ao arbitrio da fortuna & do tẽpo, com hũa taõ braua & taõ excessiua tormenta, qual os homẽs nunca imaginaraõ, que nos durou cinco dias: & como em todos elles nunca vimos o Sol para o piloto saber porque altura caminhaua, só pela sua fraca estimatiua, sem conta de graos nem de minutos, pouco mais ou menos foy demandar a paragem das ilhas dos Papuaas, Selebres, & Mindanous que distauaõ daly seiscentas legoas.
- [3518](Cap. 223) Surtos nos pela misericordia de Deos na bahia da cidade Fucheo de que jà atras fiz menção muytas vezes, que he a metropoly do reyno do Bungo, & onde agora florece a principal Christandade de todo o Iapaõ, se assentou, por parecer dos mais que fosse eu à fortaleza de Osquy, onde tiuemos por nouas que el Rey então estaua, & ainda que eu algum tanto arreceaua esta ida, porque a terra a este tẽpo estaua aleuantada, todauia me foy forçado aceitala, por mo pedirem todos geralmente com muyta efficacia, & fazendome logo prestes com mais quatro cõpanheyros que leuey comigo, despois que receby hum presente que dom Francisco capitão da nao mandaua a el Rey que valeria quinhentos cruzados, me party da nao, & desẽbarcãdo no caiz da cidade me fuy a casa do Quansio andono almirãte do mar, & capitão de Canafama, o qual me recebeo cõ mostras de muyto gasalhado, que algũ tanto me desaliuou do receyo que leuaua.
- [3551](Cap. 224) Passados os seis dias, el Rey se abalou da fortaleza de Osquy para a cidade Fucheo, acompanhado de muyta & muyto nobre gente em que entraua hũa guarda de seiscentos homens de pé & duzentos de cauallo que mostrauão grande magestade, onde chegado, todo o pouo o recebeo cõ muytas festas & muytos regozijos, & farças & inuençoẽs ao seu modo muyto custosas.
- [3583](Cap. 225) Eu vendo na cidade Fucheo andar o negocio dos padres nestes termos, & o padre mestre Belchior já quasi embarcado de todo na nao, me fuy a Osquy ver com el Rey, & lhe pedy a reposta da carta que lhe trouxera do Visorrey, a qual me elle logo deu, porque a tinha ja feita, & por retorno do presente lhe mandou hũas armas ricas, & dous treçados douro, & cem auanos Lequios, a qual carta, que era feita por elle dezia assi Senhor Visorey da magestade honrosa, assentado no trono dos que fazẽ justiça por poderio de cetro, eu Yaretandono Rey do Bungo lhe faço saber, que a esta minha cidade Fucheo veyo a mim de seu mandado Fernão Mendez Pinto com hũa carta de sua real senhoria, & hum presente de armas & de outras peças muyto agradaueis a minha tenção, que muyto estimey por serem da terra do cabo do mũdo por nome Chenchicogim, onde por poderio de armadas muyto grossas, & exercitos de gentes de diuersas naçoẽs reyna o lião coroado do grande Portugal, por cujo seruidor & vassallo me dou de oje por diante com lealdade de amigo taõ verdadeyro & doce como o cantar da serea na tormenta do mar, pelo que lhe peço por merce que em quanto o sol não discrepar do effeito paraque Deos o criou, nem a agoa do mar deixar de subir & decer pelas prayas da terra, se não esqueça desta meuagem que por elle mando fazer ao seu Rey & irmão meu mais velho, por cujo respeito esta minha obediencia fique honrosa, como confio que sempre serâ, & essas armas que là lhe mando, tomarâ por sinal & prenda de minha verdade, como entre nós os Reys de Iapaõ se custuma.
(2) Objecto geográfico interpretado
Porto (costa). Parte de: Iapaõ.