(1) Entidade geográfica mencionada
Angegumaa. Angegumaa 158(1), 159(1).
Nas orações: 2241, 2256.
- [2241](Cap. 158) Sayndo deste esteyro de Guampanoo, entramos em hum rio muyto grande que se chamaua Angegumaa, de mais de tres legoas em largo, & em partes de cento & vinte braças de fundo, com reuessas tão impetuosas, que muytas vezes nos fazião desandar muyta parte do caminho.
- [2256](Cap. 159) Passados vinte & oito dias despois que aquy chegamos em que o embaixador conualeceo de todo, nos partimos para hũa cidade que se dezia Meidur, doze legoas adiante, pelo rio de Angegumaa acima.
Iangumaa 128(1).
Nas orações: 1739.
- [1739](Cap. 128) Outro, que se chama Iangumaa, cortando ao Sul & ao Sueste, & atrauessando muyto grande parte da terra, como he o reyno do Chiammay, os Laos, os Gueos, & algũa parte do Dãbambuu, entra no mar pela barra de Martauão no reyno de Peguu, & ha de distancia de hum ao outro pela graduaçaõ dos seus climas, mais de setecentas legoas.
(2) Objecto geográfico interpretado
Rio (reino). Parte de: Indico Oriental.
Rio, reino. GT identificação muito duvidosa: Brahmaputra em 26º 10’N 90º 25′ E. FMPP (4, p.12, s.v. Angegumaa) ‘Saween. River.’ A forma Angegumaa só tem duas ocorrências e aparece com entrada própria, distinta de Iangumaa, identificada como Salween em GT e rio do Sudeste de Ásia em FMPP (vol. 4, p. 21). Por último temos a forma Iangomaa para se referir a um reino que também tanto GT como FMPP reconhecem ser o Chiang Mai. GT s.v. Angegumá adverte que propende a identificar ‘a título precário’ com o Brahmaputra. A favor de esta localização temos a descrição que FMP faz do rio ‘muyto grande que se chamaua Angegumaa, de mais de tres legoas em largo’ e os argumentos que o próprio GT oferece a favor de uma identificação de Timplão e o império Calaminhã com o Tibete. Não obstante, no mesmo parágrafo, FMP diz que ‘costeãdo por elle acima espaço de mais sete dias, chegamos a hũa cidade pequena & bem cercada, que se dezia Gumbim, do reyno do Iangomaa’. GT não duvida em localizar este reino com metrópole em 18º 46’N, 98º 53’E : o Brahmaputra não se ajustaria a esta identificação. Mais ainda. O próprio FMP descreve a actividade comercial da zona que vai cara o Martabão e Pegu o qual referenda uma identificação com um rio que desagua no Martabão, se for o Brahmaputra aguardaríamos se nomeasse a Bengala e um porto como Chatigão. Todos estes argumentos permitem uma caracterização do rio independentemente do império Calaminhão (que deveu determinar a identificação do Angegumaa como um rio distinto do Iangumaa em GT). Esta última forma aparece (314i) para definir um grande rio que corta ao Sul e ao Sueste e atravesa ‘o reyno do Chiammay, os Laos, os Gueos, & algũa parte do Dãbambuu, entra no mar pela barra de Martauão no reyno de Peguu’. Neste caso GT não duvida em identificar com o Salween e FMPP (4, p.21) rio do Suleste de Ásia.
Parece-me então que Angegumaa e Iangumaa são apenas variantes do mesmo topónimo pelo que as registo baixo uma única entrada e com uma única referência ao mesmo rio. Em FMPP (vol.4, p. 208) admite-se a possibilidade alternativa de ser um afluente do Salween.
Iangumaa com o valor de reino é localizado desde dois pontos: a partir da cidade de Gumbim, rio Angegumaa, a que se chega desde Avaa; e desde o rio Vẽtrau, com Penauchim primeiro lugar do reino. GT s.v. Jangomá, reino de: tem por metrópole a cidade de Chiang-Mai em 18º 46’N, 98º 53’E. FMPP (vol.4, p. 209) forma Burmesa para Chiang Mai, capital do reino Lan Na. Sinónimo, portanto, de
Chiammay.