(1) Entidade geográfica mencionada
Iunçalão. Iũçalão 146(1).
Nas orações: 2035.
- [2035](Cap. 146) Auendo ja quasi oito meses que estes nossos cem homens andando nesta costa embarcados em quatro fustas muyto bem concertadas, em que tinhão tomadas vinte & tres naos de presas muyto ricas, & outros muytos nauios pequenos, as gentes que custumauão a nauegar por aquella costa andauão ja tão assombradas do nome Portuguez, que de todo deixaraõ o comercio de suas viagẽs, & vararaõ os seus nauios em terra, por onde as alfandegas destes portos de Tanauçarim, Iũçalão, Merguim, Vagaruu, & Tauay perdião muyto dos seus rendimentos, pelo que foy forçado a estes pouos darem cõta disso ao Emperador do Sornau Rey de Sião, que he senhor supremo de toda esta terra, paraque prouesse neste mal de que todos geralmente se queixauão, o qual proueo logo da cidade de Odiaa onde então estaua com muyta presteza, mandando vir da frontaria dos Lauhos hum seu capitão Turco por nome Heredim Mafamede, o qual no anno de 1538. viera de Suez na armada de Soleimão Baxà Visorrey do Cayro, quando o graõ Turco o mandou sobre a India, & desgarrando este em hũa galé do corpo da armada, veyo ter a esta costa de Tanauçarim, onde aceitou partido deste Sornau Rey de Sião, & o seruio de fronteyro mòr na arraya do reyno dos Lauhos, com doze mil cruzados de soldo por anno.
Iuncalão 185(1).
Nas orações: 2775.
- [2775](Cap. 185) E chegando a hum lugar que se dezia Tilau, que he nas costas de Iuncalão para a parte do Sudueste junto do reino Quedaa, cento & quarenta legoas de Malaca, tomou a cidade de Iuropisaõ, cujo capitão lha entregou a partido, & leuando ja daquy guias que sabiaõ a terra, em mais noue dias de caminho chegou á vista da cidade Odiaa, sobre a qual assentou seu campo, & o cercou de trunqueiras & vallos muito fortes.
Iunçalão 19(1), 153(1), 189(1), 205(1).
Nas orações: 202, 2174, 2824, 3135.
- [202](Cap. 19) Ao outro dia seguinte pela menham nos partimos deste ilheo de Fingau, & corremos a costa do mar Oceano em distancia de vinte & seis legoas, até abocar o estreito de Minhagaruu, por onde tinhamos entrado, & passados â contracosta destoutro mar mediterraneo, seguimos nossa derrota ao longo della atè junto de Pullo Bugay, donde atrauessamos a terra firme, & aferrando o porto de Iunçalão, corremos com ventos bonanças dous dias & meyo, & fomos surgir no rio de Parlès do reyno de Quedà, no qual estiuemos cinco dias surtos, por nos não seruir o vento, & nelles o Mouro & eu, por cõselho de algũs mercadores da terra fomos ver o Rey, cõ hũa odià ou presẽte (como lhe nos cà chamamos) de algũas peças sufficientes a nosso proposito, o qual nos recebeo com mostras de bom gasalhado.
- [2174](Cap. 153) E mãdãdoos meter a todos nũa mazmorra, lhe mãdou dar muytos açoutes, de maneyra que em obra de hũ mès que estiueraõ presos, morreraõ dos cento & sessenta & quatro, ao desemparo & de modorra, & á fome & â sede, cẽto & dezanoue, & aos quarenta & cinco que ficaraõ, mandou meter nũa champana sem vella nem remos, & lançalos pelo rio abaixo; os quais assi entregues ao arbitrio da fortuna foraõ dar nũa ilha despouoada que se dezia Pullo Camude, vinte legoas ao mar desta barra, onde se forneceraõ de algum mantimento de marisco & fruytas do mato, & engenharaõ hũa vella dos pannos que trazião vestidos, & com hum par de remos que aly ou acharaõ feitos, ou ordenarão, fizerão seu caminho ao longo da costa até Iunçalão, & dahy em outro pouso, em que gastaraõ dous meses, forão têr ao rio de Parlés no reyno de Quedaa, onde a mayor parte delles se consumio de hũas postemas na gargãta a maneyra de nacidas de peste, de que a Malaca não foraõ ter viuos mais que sós dous, que contaraõ a Pero de Faria todo o successo desta triste viagem, & como o pobre de mym ficaua ja sentenciado â morte como na verdade ficaua, da qual nosso Senhor me liurou milagrosamente, porque despois que o Necodá & os mercadores foraõ desterrados pela maneyra que tenho dito, me passarão logo a outra prisaõ mais apertada, na qual me tiueraõ trinta & seis dias carregado de ferros com assaz de aspereza & crueldade.
- [2824](Cap. 189) A costa deste reyno bebe em ambos os mares de Norte & de Sul, no da India por Iunçalão & Tanauçarim, & no da China por Mõpolocota, Cuy, Lugor, Chintabu, & Berdio.
- [3135](Cap. 205) E como a armada não leuara mantimentos para mais que para hum só mês, & elles tinhão já gastados trinta & seis dias de sua viagẽ, & neste tẽpo ja não tinhão cousa nenhũa para comerẽ, lhes foy forçado iremno buscar a Iunçalão, ou a Tanauçarim, que eraõ portos muyto distãtes daquelle lugar para a costa do reyno Pégù, & cõ esta determinação se abalarão donde estauão, & começarão a fazer seu caminho, indo todos bem enfadados destes successos, mas prouue a nosso Senhor autor de todos os beẽs, que deu o tempo cõ elles na costa de Quedaa, & entrando no rio Parlès com fundamento de fazerem nelle agoada, & seguirem adiãte por sua derrota, viraõ de noite passar hum paraoo de pescadores ao lõgo da terra, & o capitão mòr o mandou buscar para saber delle onde era a agoada; trazido o paraoo a bordo, elle fez gasalhado aos que vinhaõ nelle, de que elles ficaraõ contentes, & preguntados hũ por hũ algũas particularidades necessarias, responderaõ todos que a terra estaua toda deserta, & o Rey era fugido para Patane, por causa de hũa grossa armada que auia més & meyo que aly estaua dassento com cinco mil Achẽs fazendo hũa fortaleza, & esperando as naos dos Portugueses que viessem de Bengala para Malaca, com fundamento, como elles dezião, de a nenhum Christão darem a vida, & tambem descubriraõ outras muytas cousas necessarias a nosso proposito, de que o capitaõ mòr ficou taõ contente, que se vestio de festa, & mandou embandeyrar toda a armada.
Iunçalaõ 144(1).
Nas orações: 2001.
- [2001](Cap. 144) Eu lhe aceitey a viagem de boa vontade, & me party hũa quarta feyra noue dias do mez de Ianeyro do anno de 1545 desta fortaleza de Malaca, & seguy minha derrota com vẽtos bonanças ate Pullopracelar, onde o piloto se deteue por respeito dos baixos que atrauessauão todo este canal da terra firme â ilha Çamatra, & despois de sermos fora delles inda que com trabalho, vellejamos por nossa derrota as ilhas de Pullo Çambilão, onde me mety nũa manchua bem esquipada que leuaua, & nauegando sempre nella por espaço de mais de doze dias, cõforme ao regimento que leuaua de Pero de Faria, espiey toda a costa deste Malayo, que saõ cento & trinta legoas atè Iunçalaõ, entrando em todos os rios de Barruhaas, Salangor, Panaagim, Quedaa, Parlés, Pendão, & Sambilão Sião, sem em nenhum delles achar noua certa destes inimigos.
(2) Objecto geográfico interpretado
Porto (costa). Parte de: Sião.
Referente contemporâneo: Phuket, Thailand (AS). Lat. 7.890590, long. 98.398100.
Porto, costa. FMPP (vol3, p. 60; vol. 4, pp 22,35): Tanjung Salangk, hoje Phuket. GT: ilha Salang (Puket ou Junk Ceylon) em 8ºN, 98º 27’ E.