(1) Entidade geográfica mencionada
Armenia. Armenia 221(2).
Nas orações: 3488, 3489.
- [3488](Cap. 221) Tinha este homem de seu como dez ou doze mil cruzados, & por ser estrangeyro & Christão como nos, se tirou de hũ junco de Mouros em que vinha, & se passou para hũa nao de hum Portuguez por nome Luis de Montarroyo, & auendo jâ obra de seis ou sete meses que viuia aquy entre nos pacificamente, fauorecido & agasalhado de todos, por ser, como digo, muyto bom homem, & bom Christão, veyo a adoecer de febres de que morreo, & fazendo testamento declarou que era casado, & que tinha sua molher & seus filhos em hum lugar da Armenia que se dezia Gaborem, & que dos doze mil cruzados que tinha de seu deixaua á santa misericordia de Malaca dous mil, com certas declaraçoẽs de missas por sua alma, & o mais pedia ao prouedor & irmaõs da casa que o tiuessem em deposito em seu poder até o fazerem entregar a seus filhos, a quem mandaua que se désse, & sendo caso que seus filhos fossem mortos, deixaua a misericordia por sua herdeyra vniuersal.
- [3489](Cap. 221) Logo como este Christaõ foy enterrado, o Aires Botelho de Sousa prouedor dos defuntos lhe arrecadou toda a fazẽda, sem fazer inuentayro, nem outra algũa diligencia, dizendo que era necessario mandarense requerer os herdeyros lâ na Armenia onde estauão, que era daly mais de duas mil legoas a ver se tinhão algũs embargos, para serem ouuidos de sua justiça.
Armenio 43(3), 221(3).
Nas orações: 520, 521, 3487, 3490, 3491.
- [520](Cap. 43) A que Antonio de Faria, dando hum grande brado, & batẽdo com a mão na testa, a modo de espãto, disse, ó valhame Deos, ó valhame Deos, parece que he sonho isto que ouço, & virandose para os soldados que estauão à roda, lhes contou todo o discurso da vida daquelle Quiay Taijão, & lhe affirmou que por algũas vezes tinha mortos em embarcaçoẽs desencaminhadas que achara pelo mar, & com pouca força, mais de cẽ Portugueses, & roubados passanto de cem mil cruzados, & que ainda que o seu nome era o que aquelle Armenio dizia Quiay Taijão, despois que em Cincaapura matara Christouão Sardinha, se nomeaua, por vamgloria do que fizera, o Capitão Sardinha, & perguntando ao Armenio por elle, ou onde estaua, disse que estaua escondido na proa do junco no payol das amarras, muyto ferido, com mais outros seis ou sete.
- [521](Cap. 43) Antonio de Faria se leuantou logo com muyta pressa, & se foy ao lugar onde o perro estaua, & os mais dos soldados se foraõ tras elle, & abrindo o escotilhão do payol para ver se era verdade o que o Armenio dissera, o perro com os seis que com elle estauão se sayrão por outro escotilhão que estaua mais abaixo, & feitos a amoucos arremeteraõ aos nossos, que passauão de trinta, a fora outros quarenta moços, & de nouo se tornou a trauar a briga de tal maneyra que em pouco mais de tres credos que os nossos os acabaraõ de matar, elles nos matarão dous Portugueses, & sete moços, & feriraõ mais de vinte, & o Capitão Antonio de Faria ficou com duas cutiladas na cabeça, & hũa num braço de que esteue muyto maltratado.
- [3487](Cap. 221) Neste seu tempo acertou de vir aly ter hum estrangeyro Armenio de nação, o qual de todos era julgado por muyto bom Christão.
- [3490](Cap. 221) Neste mesmo tempo vieraõ tambem aly ter dous mercadores Chins, que trazião tres mil cruzados em seda, peças de damasco, porcellanas, & almizcre, os quais se deuião ao Armenio defũto.
- [3491](Cap. 221) Estes arrecadou tambem o prouedor & juntamente com isso, dizendo que toda a mais fazenda que ficaua aos Chins, era tambem do Armenio defunto, dizem que lhes tomou hũs oito mil cruzados, & lhes disse que fossem a requerer sua justiça perante o prouedor mòr, porque elle não podia deixar de fazer o que fazia, porque era obrigado a isso por razão de seu officio.
Armenios 149(2).
Nas orações: 2111, 2112.
- [2111](Cap. 149) E querendo este Rey Bramaa por grandeza de estado festejar esta entrega do Chaubainhaa, mandou que todos os capitaẽs estrangeyros com sua gente armada & vestida de festa se pusessem em duas fileyras a modo de rua para vir por ella o Chaubainhaa, o que logo foy feito, & esta rua tomaua desda porta da cidade até a sua tenda que seria distancia de dous terços de legoa, na qual rua estauão trinta & seys mil estrangeyros, de quarenta & duas naçoẽs, em que auia Portugueses, Gregos, Venezeanos, Turcos, Ianiçaros, Iudeus, Armenios, Tartaros, Mogores, Abexins, Raizbutos, Nobins, Coraçones, Persas, Tuparaas, Gizares, Tanocos da Arabia Felix, Malauares, Iaos, Achẽs, Moẽs, Siames, Lusoẽs da ilha Borneo, Chacomaas, Arracoẽs, Predins, Papuaas, Selebres, Mindanaos, Pegùs, Bramâs, Chaloẽs, Iaquesaloẽs, Sauadis, Tãgus, Calaminhãs, Chaleus, Andamoens, Bengalas, Guzarates, Andraguirees, Menancabos, & outros muytos mais a que não soube os nomes.
- [2112](Cap. 149) Estas naçoẽs todas se puseraõ na ordem que lhe foy mandado pelo Xemimbrum mestre do campo, o qual pós os Portugueses na dianteyra de todos, que era junto com a porta da cidade por onde o Chaubainhaa auia de sayr, & logo apos elles os Armenios, & logo os Ianiçaros & os Turcos, & todos os mais nos lugares que lhe a elle bem pareceo, & com esta ordem chegaua esta gente estrangeyra, como ja disse até o dopo del Rey, onde estaua a gente Bramaa da guarda do campo.
(2) Objecto geográfico interpretado
Reino. Parte de: Asia.
Referente contemporâneo: Republic of Armenia, Armenia (AS). Lat. 40.250000, long. 45.000000.
FMP situa e assinala distância desde a Ásia: “A mais de duas mil léguas de Liampoo”.