(1) Entidade geográfica mencionada
Oceano. Oceano 13(1), 14(1), 19(1), 20(2), 31(1).
Nas orações: 135, 156, 202, 222, 226, 362.
- [135](Cap. 13) Ao tempo que Pero de Faria chegou a esta fortaleza de Malaca, estaua nella por Capitaõ dom Esteuão da Gama, & esteue ainda algũs dias ate acabar o seu tempo, porem como Pero de Faria era Capitão chegado de nouo, & que ainda então começaua o seu tẽpo, despois de auer algũs dias que era chegado à fortaleza, os Reys comarcaõs della o mandaraõ visitar por seus Embaixadores, & darlhe os parabẽs da sua capitania, com offerecimentos de muyta amizade & cõseruação de pazes com el Rey de Portugal, entre os quais veyo hum del Rey dos Batas, que habita na ilha Çamatra da parte do Oceano, onde se presume que jaz a ilha do ouro que el Rey dom Ioaõ o terceyro algũas vezes tentou mandar descubrir, por informaçoẽs que destas partes algũs Capitaẽs lhe escreueraõ.
- [156](Cap. 14) E atrauessando o Piloto daquy de Malaca ao porto de Surotilau, que be na costa do reyno de Aarù, velejou ao longo da ilha Çamatra por esta parte do mar mediterraneo, atè hum rio que se dizia Hicanduré, & nauegando mais cinco dias por esta derrota, chegou a hũa fermosa bahia noue legoas do reyno Peedir em altura de onze graos, por nome Minhatoley, daquy cortou toda a trauessa da terra (a qual ja aquy nesta paragem não he de mais largura que de sós vinte & tres legoas) atè vermos o mar da outra banda do Oceano, & nauegando por elle quatro dias com tempos bonanças, foy surgir num rio pequeno de sete braças de fundo, que se dizia Guateamgim, pelo qual vellejou seis ou sete legoas adiante, vendo por entre o aruoredo do mato muyto grande quantidade de cobras, & de bichos de tão admiraueis grandezas & feiçoẽs, que he muyto para se arrecear contalo, ao menos a gente que vio pouco do mũdo, porque esta como vio pouco, tambem custuma a dar pouco credito ao muyto que outros viraõ.
- [202](Cap. 19) Ao outro dia seguinte pela menham nos partimos deste ilheo de Fingau, & corremos a costa do mar Oceano em distancia de vinte & seis legoas, até abocar o estreito de Minhagaruu, por onde tinhamos entrado, & passados â contracosta destoutro mar mediterraneo, seguimos nossa derrota ao longo della atè junto de Pullo Bugay, donde atrauessamos a terra firme, & aferrando o porto de Iunçalão, corremos com ventos bonanças dous dias & meyo, & fomos surgir no rio de Parlès do reyno de Quedà, no qual estiuemos cinco dias surtos, por nos não seruir o vento, & nelles o Mouro & eu, por cõselho de algũs mercadores da terra fomos ver o Rey, cõ hũa odià ou presẽte (como lhe nos cà chamamos) de algũas peças sufficientes a nosso proposito, o qual nos recebeo com mostras de bom gasalhado.
- [222](Cap. 20) Onde desembarcando em terra, me fuy logo á fortaleza ver o Capitão, & lhe dey conta de tudo o que socedera na viagem, & lhe tratey miudamente do descubrimento dos rios, portos, & angras que nouamente achara na ilha Çamatra, assi da parte do mar Mediterraneo, como do Oceano, & da commutação do trato da gente que nelles habitaua, que até então não tiuera com nosco nenhum comercio.
- [226](Cap. 20) Deylhe tãbem conta das muytas & varias naçoẽs de gentes que habitão ao longo daquelle Oceano, & do rio Lampom, donde o ouro de Menancabo vay ter ao reyno de Cãpar pelos rios de Iambee & Broteo, no qual os naturaes desta terra affirmão, pelo que lem nas suas Chronicas, que estiuera hũa casa de contrato da Raynha Sabà, donde algũs presumẽ que hum seu feitor por nome Nausem lhe mandara hũa grande soma de ouro, que ella despois leuou para o templo de Ierusalem, quando foy ver a el Rey Salamão, donde dizem que veyo prenhe de hum filho, que despois soccedeo por Emperador da Ethiopia, a que cà o vulgar chama Preste Ioaõ, & de que esta naçaõ Abexim se honra muyto.
- [362](Cap. 31) Eu o Soltão Alaradim Rey do Achem, de Baarròs, de Peedir, de Paacem, & dos senhorios de Dayaa, & Batas, principe de toda a terra de ambos os mares Mediterraneo & Oceano, & das minas de Menamcabo, & do nouo reyno de Aarù, com justa causa agora tomado, a ty Rey cheyo de festa com desejo de duuidosa herança, vy tua carta escrita em mesa de voda, & pelas inconsideradas palauras della conhecy a bebedice dos teus conselheyros, â qual não quisera responder, se mo não pediraõ os meus, pelo que te digo que me não desculpes diante de ty, que te confesso que tal louuor não quero, & quanto ao reyno de Aarù não falles nelle, se queres ter vida, basta mandalo eu tomar, & ser meu, como muyto cedo serâ esse teu.
(2) Objecto geográfico interpretado
Mar. Parte de: Insulíndia.
Mar, oceano. Em FMP é usado para se referir ao mar a oeste da Samatra, isto é, o Indico, em oposição ao Mediterrâneo, que designa o Mar da China Meridional.