(1) Entidade geográfica mencionada
Pullo Catão. Pullo Catão 46(1).
Nas orações: 560.
- [560](Cap. 46) Apos isto perguntado hum dos dous Portugueses, porque o outro estaua como morto, cujos filhos erão aquelles mininos, & como vierão ter ao poder daquelle ladraõ, & como se elle chamaua, respondeo que o ladraõ tinha dous nomes, hum de Christão, & outro de gentio, o de gentio porque se então nomeaua era Necodà Xicaulem, & o de Christão era Francisco de Saa, o qual auia cinco annos que em Malaca se fizera Christão, sendo Garcia de Saa Capitão da fortaleza, & que porque elle fora seu padrinho do bautismo lhe pusera aquelle nome, & o casara com hũa moça orfam mestiça muyto gentil molher, & filha de hum Portugues muyto honrado a fim de o fazer mais natural da terra, & que indo no Anno de 1534 para a China em hum junco seu muyto grãde, no qual leuaua vinte Portugueses dos mais honrados, & ricos da fortaleza, & tambem sua molher, chegando à ilha de Pullo Catão fizera ahy agoada, com tençaõ de passar ao porto do Chincheo, & auendo ja dous dias que ahy estaua, como a esquipaçaõ do junco era toda sua, & Chim como elle, se leuantaraõ hũa noite estando os Portugueses dormindo, & com as machadinhas que traziaõ, os mataraõ a todos, & aos seus moços, sem a nenhum que tiuesse nome de Christaõ se dar a vida, & cometeo à molher que se fizesse gentia, & adorasse hum idolo que o seu Tucão mestre do junco leuaua nũa arca, & que assi desatada da ley Christam a casaria com elle, porque o Tucaõ lhe daua por isso hũa irmam sua que aly leuaua comsigo, tambem gentia & China como elle, & porque a molher não quisera adorar o idolo, nem cõsentir em tudo o mais que lhe elle dezia, o perro lhe dera com hũa machadinha na cabeça, com que logo lhe lançara os miolos fora.
Pullo catão 183(1).
Nas orações: 2735.
- [2735](Cap. 183) Deos te perdoe tua cubiça, & a mym o pouco castigo que te dey por ella; & logo daly sem esperar mais hum momento mandou a casa do morto, & lhe trouxeraõ as cinco mil turmas que tinha tomado de peita, & as mandou perante sy repartir por todos aquelles velhos & doentes & pobres que o Raudiuaa trouxera que seriaõ mais de tres mil, & o dinheyro das cinco mil turmas montaua sessenta mil cruzados da nossa moeda, & os mandou para suas casas, encomendandolhes que lhe rogassem a Deos pela vida; & aos escusos que peitaraõ as cinco mil turmas, mandou vestir como molheres, & os degradou para hũa ilha que se chamaua Pullo catão, & lhes mandou tomar as fazendas como a fracos, para as repartir pelos que milhor pelejassem naquella guerra; & porque vio que hum Portuguez de cento & sessenta que então leuou comsigo, ficara hum pouco mais atras num cometimento que os nossos fizeraõ, em que ganharaõ a principal força que os inimigos tinhão tomada na cidade de Lantor, lhe mandou que se tornasse para Siaõ, pois não era como os outros que com elle ficauão, & que em quanto ahy estiuesse não saisse fora de casa, nem se chamasse mais Portuguez, so pena de lhe mandar por isso rapar a barba como aos caualeyros escusos de Banchaa, pois na couardia era tal como elles, & a todos os mais que, como disse, eraõ cẽto & sessenta, pelo honroso feito que lhes vio fazer mandou dobrar o soldo tres vezes, & quitar os direytos de suas fazendas, & lhes deu licença que pudessem em qualquer lugar do seu reyno fazer igrejas em que o nome do Deos Portuguez fosse adorado, porque claro estaua que era muyto milhor que todos os outros.
(2) Objecto geográfico interpretado
Ilha. Parte de: Sião.
Ilha. GT s.v. Pullo Catam: Kulao Rai em 15º 23′ N, 109º 03′ E. Charles Wheeler (FMPP:vol. 3, p. 91) Pulo Cotõm, no presente Cù Lao Ré. A ilha também chamada de Pullo Catão no capítulo 183, pelo contexto, pode ser distinta, perto de Sião.