(1) Entidade geográfica mencionada
Bargança. Bargança 20(1), 195(1).
Nas orações: 231, 2935.
- [231](Cap. 20) E sendo sua alteza certificado da sua morte, proueo segunda vez na mesma capitania a hum Diogo Cabral da ilha da Madeyra, a quem Martim Afonso de Sousa a tirou por justiça, por se dizer que praguejara delle sendo Gouernador, & a deu a hum Ieronymo de Figueiredo fidalgo do Duque de Bargança, que no anno de 1542. partio de Goa com duas fustas, & hũa carauella em que leuaua oitẽta soldados & officiaes da mareação, & não teue effeito a sua yda, porque parece, segundo o que despois se vio, que desejando elle de ser rico mais depressa do que o esperaua ser pela via que leuaua, se passou à costa de Tanauçarim, onde tomou algũas naos que vinhaõ do estreito de Meca, de Adẽ, de Alcosser, de Iudaa, & de outros lugares da costa da Persia, & por se là dar mal cos soldados, & não partir com elles do que tomara, conforme ao que de direito lhes vinha, se leuãtaraõ contra elle, & depois de outras muytas cousas, que me pareceo razão naõ se escreuerem, o ataraõ de pes & de maõs, & o leuarão à ilha Ceilão, onde o lançaraõ em terra no porto de Gàle, & a carauella & fustas leuaraõ ao Gouernador dom Ioaõ de Castro, que lhes deu perdão do que tinhão feito, por irem d’armada com elle a Diu a socorro de dõ Ioaõ Mascarenhas, que entõa estaua cercado dos Capitaẽs del Rey de Cambaya, & de então pera cà se não tratou mais deste descubrimento, que tão proueitoso parece que serà para o bẽ commum destes reynos, se nosso Senhor fosse seruido que esta ilha se viesse a descobrir.
- [2935](Cap. 195) E despois que os soldados ficaraõ nesta parte bem satisfeitos, o nouo Rey deste misero reyno abalou daly do lugar daquella vitoria para a cidade Pégù que estaua daly pouco mais de tres legoas, & não querẽdo entrar nella aquelle mesmo dia por alguns respeitos que aquy se declararaõ, se alojou á vista della, em distancia de pouco mais de meya legoa, em hũ campo que se dezia Sunday patir, onde despois de alojado proueo na guarda das vinte & quatro portas, mandando pòr a cada hũa dellas hum capitão Bramas com quinhentos de cauallo, aquy se deteue cinco dias sem acabar de se resoluer em entrar na cidade, pelo receyo que tinha do saco que os estrãgeyros lhe requerião, & a que lhe elle estaua obrigado por hum concerto que no Tanguu fizera com elles, & como he custume ordinario da gente da guerra que viue por seu soldo não ter respeito a outra cousa mais que ao interesse que espera, vendo estas seis naçoẽs esta dilaçaõ del Rey em entrar na cidade, que ellas muyto mal sofrião, se vieraõ tres dellas a amotinar por conselho de hum Portuguez que andaua com elles, por nome Christouão Sarmento natural de Bargança, homem de espritos altiuos, & muyto bom capitão & esforçado de sua pessoa; o qual motim foy em tanto crecimento que ao Rey Bramas, por se não perder de todo, lhe foy forçado retirarse para hũ pagode de grandes officinas, õde se fez forte cos seus Bramaas ate o outro dia âs noue horas que o negocio por meyo de tregoas teue pequena de quietaçaõ, na qual el Rey lhes descubrio sua tenção, dizendo em altas vozes de cima do muro paraque todos o ouuissem.
Bragãça 35(1), 167(1).
Nas orações: 406, 2478.
- [406](Cap. 35) Destas tres embarcaçoẽs era Capitão mòr hum Ioaõ Fernãdez Dabreu, natural da ilha da Madeyra, filho do amo del Rey dom Ioaõ, que hia no nauio redondo, & leuaua comsigo quarenta soldados, & das duas fustas eraõ Capitaẽs Lourenço de Goes, & Vasco Sermento seu primo, ambos naturaes da cidade de Bragãça, & todos muyto esforçados & praticos na milicia naual.
- [2478](Cap. 167) Despois que o Embaixador aquy em Martauão conualeceo das feridas que ouuera na briga, se partio para a cidade de Pegù, onde naquelle tempo, como atras fica dito, o Rey do Bramaa residia com toda sua corte, o qual sabẽdo da sua chegada, & da carta que trazia do Calaminhan em que lhe aceitara a liga da sua amizade o mãdou receber pelo Chaumigrem, seu colaço & seu cunhado, acompanhado de todos os grandes, & com hũa mostra de quatro batalhoẽs de gente estrangeyra, em que entrauão mil Portugueses, de que era capitão hum Antonio Ferreyra natural de Bragãça, homem de grandes espritos, & a quem este Rey daua doze mil cruzados de partido, a fora merces particulares que montauão quasi outro tanto.
Bragança 206(1).
Nas orações: 3150.
- [3150](Cap. 206) E desta maneyra, tanto que a dianteyra dos inimigos descubrio a ponta de hum cotouello que a terra fazia da banda do Sul, detras da qual os nossos estauão tambem já prestes para os receberẽ, a primeyra fileyra das tres galeotas de Turcos & lanchara em que vinha o Biyayaa Soora, arremeteo à nossa ala dianteyra em que estaua o capitão mòr com duas fustas, a sua no meyo & de hũa parte Diogo Soarez, & da outra Gomes Barreto fidalgo do Duque de Bragança, & anticipandose os inimigos hum pouco no tirar da artilharia, prouue a nosso Senhor que nos não fez nenhum dano, & a briga se trauou logo entre ambas as dianteyras, em que os capitaẽs mores se encontraraõ ambos, & pelejando hũs cos outros com muyto esforço, & tanto sem piedade quanto requeria o odio com que pelejauão, quiz Deos que da fusta de Ioaõ Soarez se fez hum tiro de camello, o qual se empregou taõ bem que a lanchara em que vinha o Biyayaa foy logo metida no fundo, com morte de mais de cem Mouros.
(2) Objecto geográfico interpretado
Cidade. Parte de: Portugal.
Referente contemporâneo: Distrito de Bragança, Portugal (EU). Lat. 41.836150, long. -6.763460.
Refere-se ao ducado e à vila.