(1) Entidade geográfica mencionada
Salangor. Salangor 17(1), 144(1), 207(1).
Nas orações: 190, 2001, 3165.
- [190](Cap. 17) E chegando daly a cinco dias a Panaajù, despidio toda a gente assi natural como estrangeyra, & se foy pelo rio acima em hũa lanchara pequena, sem querer leuar comsigo mais que dous ou tres homẽs, & foy ter a hum lugar que se dizia Pachissarù, no qual esteue encerrado catorze dias, a modo de nouenas, em hum pagode de hum idolo que se chamaua Guinasseroo, deos da tristeza, & tornado para Panaajù, me mãdou chamar, & ao Mouro que feytorizaua a fazenda de Pero de Faria, ao qual esteue miudamente perguntando pela venda della, & se lhe ficauaõ deuendo algũa cousa, porque lho mandaria logo pagar, a que o Mouro & eu respondemos que com as merces & fauores de sua alteza tudo se nos fizera muyto bem feito, & que os mercadores tinhão ja pago tudo sem ficarẽ deuẽdo nada, & que o Capitão lhe seruiria aquella merce cõ muyto cedo o vingar daquelle inimigo Achem, & lhe restituyr as terras que lhe elle tinha tomado: ao que el Rey, despois de estar hum pouco pẽsatiuo co que me ouuira, respondeo, Ah Portuguez, Portuguez, rogote que não faças de mim tão necio, ja que queres que te responda, que cuyde que quẽ em trinta annos se não pode vingar a sy, me possa socorrer a mim, porque como o Rey de vos outros, & os seus Gouernadores, não castigaraõ este inimigo, quãdo vos tomou a fortaleza de Paacem, & a Galè que hia para Maluco, & as tres naos em Quedà, & o Galeaõ de Malaca em tempo de Garcia de Sà, & as quatro fustas despois em Salangor, com as duas naos que vinhão de Bẽgala, & o junco, & o nauio de Lopo chanoca, & outras muytas embarcaçoẽs que agora me não vem à memoria, em que me affirmaraõ que matara mais de mil de vosoutros, a fora a presa riquissima que tomou nellas, logo foy para elle me destruyr a mim, & eu ter muyto poucas esperanças em vossas palauras, bastame ficar como fico, cõ tres filhos mortos, & a mayor parte do meu reyno tomada, & vos na vossa Malaca não muyto seguros.
- [2001](Cap. 144) Eu lhe aceitey a viagem de boa vontade, & me party hũa quarta feyra noue dias do mez de Ianeyro do anno de 1545 desta fortaleza de Malaca, & seguy minha derrota com vẽtos bonanças ate Pullopracelar, onde o piloto se deteue por respeito dos baixos que atrauessauão todo este canal da terra firme â ilha Çamatra, & despois de sermos fora delles inda que com trabalho, vellejamos por nossa derrota as ilhas de Pullo Çambilão, onde me mety nũa manchua bem esquipada que leuaua, & nauegando sempre nella por espaço de mais de doze dias, cõforme ao regimento que leuaua de Pero de Faria, espiey toda a costa deste Malayo, que saõ cento & trinta legoas atè Iunçalaõ, entrando em todos os rios de Barruhaas, Salangor, Panaagim, Quedaa, Parlés, Pendão, & Sambilão Sião, sem em nenhum delles achar noua certa destes inimigos.
- [3165](Cap. 207) E o que lhes deu ainda mayor motiuo para cuydarem que era isto assi, foy hum rumor de nouas falsas que os Mouros naquelle tempo lançaraõ por toda a terra, dizendo que hũa lanchara que viera de Salangor, fallando com outra que hia para Bintão lhe dissera que hum tal dia junto da barra de Pera, encontrandose os inimigos cos nossos os desbarataraõ, & lhes tomaraõ toda a armada, & sem darem vida a nenhum homem leuaraõ as fustas para o Achem.
(2) Objecto geográfico interpretado
Porto (rio). Parte de: Malayo.
Referente contemporâneo: Selangor, Malaysia (AS). Lat. 3.166670, long. 101.500000.
Porto. GT: reino, hoje Selangor em 3º 25′ N, 101º 25′ E. Daniel Perret (FMPP: vol. 3, p. 58) Selangor.