(1) Entidade geográfica mencionada
Sanchaõ. Sanchão 132(1), 215(1).
Nas orações: 1794, 3372.
- [1794](Cap. 132) Daquy nos partimos hũa terça feyra pela menham, & continuamos por nossa derrota mais treze dias, no fim dos quais chegamos ao porto de Sanchão no reyno da China, que he a ilha onde despois falleceo o bemauenturado padre mestre Francisco, como adiante se dirâ, & não achando aly ja a este tempo nauio de Malaca, por auer noue dias que erão partidos, nos fomos a outro porto mais adiãte sete legoas por nome Lampacau, onde achamos dous juncos da costa do Malayo, hũ de Patane, & outro de Lugor.
- [3372](Cap. 215) Correndo nos daquy desta paragem, onde Deos nosso Senhor por sua misericordia, & pelas oraçoẽs deste bemauenturado padre nos quis fazer esta tão milagrosa merce, em treze dias de nossa viagem lhe aprouue que chegassemos ao reyno da China, & surtos no porto de Sanchão, onde naquelle tempo se fazia o nosso trato, jâ quando ahy chegamos, por causa de ser muyto tarde não achamos mais que hũa só nao, de que era capitão Diogo Pereyra, & esta jâ de verga dalto para se partir ao outro dia para Malaca, na qual o padre se embarcou, porque a de Duarte da Gama em que viera de Iapão lhe era necessario yr inuernar a Sião, por vir aberta pela roda de proa do grande trabalho que passara na tormenta que atras tenho contado, & là se concertar & prouer de muytas cousas de que tinha necessidade.
Sanchaõ 215(1), 216(1), 221(3).
Nas orações: 3399, 3407, 3472, 3473, 3475.
- [3399](Cap. 215) pois, eu espero em Deos nosso Senhor que muyto cedo o ey de tornar a ver nesta terra com muyto descanço, & elle lhe respondeo, assi prazerà à sua diuina misericordia, & com isto se foy embarcar, & partindo a nao aquella madrugada do porto de laca, em vinte & tres dias de viagem foy surgir no porto de Sanchaõ, que he hũa ilha vinte & seis legoas da cidade de Cantaõ, onde naquelle tempo se fazia o trato com a gente da terra.
- [3407](Cap. 216) Procurãdose logo o enterramento deste bemauenturado corpo, se pos em ordem todo o necessario o milhor que entaõ pode ser cõforme â disposiçaõ da terra em que estauão, & ao Domingo á tarde duas horas despois da vespera o leuaraõ ao lugar onde a coua estaua feita, que poderia ser pouco mais de hum tiro de pedra acima da praya, na qual foy enterrado com grande sentimento de todos, principalmente dos mais virtuosos & tementes a Deos, porem não faltaraõ algũs em quem este sentimento se não enxergou de fora, se de dentro o tinhão ou não, Deos o sabe, elle os julgue que sabe a verdade das cousas, & as razoẽs dellas, mas o que se soube publicamente foy que daly a quinze dias escreuendo hũ homem, que por sua honra não nomeyo, hũa carta a dom Aluaro, em hum vancaõ que partio da China para Malaca, num dos capitolos della lhe disse assi secamente, câ morreo mestre Francisco, mas na sua morte não fez milagre, & cá jaz enterrado nesta praya de Sanchaõ cõ os mais que na nao falleceraõ, & quando nos embora formos, o leuaremos se estiuer para isso, porque não digaõ os praguentos de Malaca que naõ somos Christãos como elles.
- [3472](Cap. 221) Como desta ilha de Champeiloo fomos ter â de Sanchaõ, & dahy a Lampacau, & dasse conta de dous casos desestrados que acontecerão na China a duas pouoaçoẽs de Portugueses.
- [3473](Cap. 221) Partidos nos desta ilha de Champeiloo fomos demandar as ilhas de Cãtão, & aos cinco dias de nossa viagem prouue a nosso Senhor que chegamos a Sanchaõ, que era a ilha onde fora enterrado o padre mestre Francisco, como atras tenho dito, ao outro dia pela menham toda a gente da frota desembarcou em terra, & nos fomos todos em procissaõ ao lugar do jazigo do santo padre, o qual achamos já todo cuberto de eruas & de mato, sẽ aparecer delle mais que sos as pontas das cruzes de que estaua cercado, porem logo por todos foy limpo & preparado com muyta deuação, & apos isso fechado com hũas grades de pao fortes, & por fora se lhe fez mais outra estacada & todo o chaõ ao redor foy muyto limpo & apranado, & toda esta obra em roda estaua cercada de muyto bõs vallos, â entrada dos quais estaua hũa cruz muyto alta & muyto fermosa.
- [3475](Cap. 221) Ao outro dia pela menham nos partimos desta ilha de Sanchaõ, & ao sol posto chegamos a outra ilha que estâ mais adiante seis legoas para o Norte chamada Lampacau, onde naquelle tempo os Portugueses fazião sua veniaga cos Chins, & ahy se fez sempre ate o anno de 1557. que os Mandarins de Cantaõ a requerimento dos mercadores da terra nos deraõ este porto de Macao onde agora se faz, no qual sendo antes ilha deserta, fizeraõ os nossos hũa nobre pouoaçaõ de casas de tres quatro mil cruzados, & com igreija matriz em que ha Vigayro & beneficiados, & tem capitão & ouuidor & officiais de justiça, & taõ confiados & seguros estão nella com cuydarem que he nossa, como se ella estiuera situada na mais segura parte de Portugal, mas quererâ nosso Senhor pela sua infinita bondade & misericordia que esta sua segurãça seja mais certa & de mais dura do que foy a de Liampoo, que foy outra de Portugueses de que atras já fiz larga mençaõ, auante desta duzentas legoas para o Norte, a qual pelo desmancho de hum Portuguez em muyto breue espaço de tempo foy de todo destruyda & posta por terra, na qual desauẽtura me eu achey presente, & nella ouue hũa inestimauel perda assi de gente como de fazenda, porque tinha esta pouoação tres mil vezinhos, de que os mil & duzentos eraõ Portugueses, & os mais gente Christam de diuersas naçoẽs, & segũdo se affirmou por dito de muytos que bem o sabião, passaua o trato dos Portugueses de tres contos douro, de que a mayor parte era em prata de Iapaõ que auia dous annos que se descubrira, & que se dobraua o dinheyro tres & quatro vezes em qualquer fazenda que para là se leuaua.
(2) Objecto geográfico interpretado
Porto. Parte de: China.
Referente contemporâneo: Shangchuan Dao, China (AS). Lat. 21.709640, long. 112.785440.
Ilha. GT: Chang-Chwen em 21º 40′ N, 112º 46′ E. E. FMPP (vol. 4, p. 32): Shangchuan.