(1) Entidade geográfica mencionada
Sorobaya. Sorobaya 25(1).
Nas orações: 292.
- [292](Cap. 25) E auẽdo ja cinco dias que eu estaua fora do poder dos outros, & algum tanto milhorado no catiueyro, pelo bom tratamento que tiue daly por diante no poder deste meu amo nouo, elle se passou para outro lugar daly cinco legoas, por nome Sorobaya, onde acabou de carregar a embarcaçaõ da mercadaria em que trataua, que como ja disse, eraõ ouas de saueis, os quais nestes rios saõ tantos em tanta quantidade, que lhe não aproueitaõ mais que sòs as ouas das femeas, de que carregaõ todos os annos passante de duas mil embarcaçoẽs, & cada embarcaçaõ leua cento & cinquenta, duzentas jarras, & cada jarra hum milheyro, por ser impossiuel poderse aproueitar o mais.
Surobaya 33(1).
Nas orações: 386.
- [386](Cap. 33) E despois de serem recolhidos & agasalhados o milhor que então foy possiuel, lhe perguntamos pela causa da sua desauentura: a que hum delles respondeo com assaz de lagrimas, Senhores, a mim me chamão Fernão Gil Porcalho, & este olho que me vedes menos, me quebraraõ os Achẽs na tranqueyra de Malaca, quãdo da segunda vez vieraõ sobre dom Esteuão da Gama, o qual desejando de me fazer merce, por me ver tão pobre como era naquelle tẽpo, me deu licença que fosse a Maluco, onde prouuera a Deos que não fora, ja que tal successo auia de ter a minha yda, porque despois que party do porto de Talãgame, que he o surgidouro da nossa fortaleza Ternate, auendo ja vinte & tres dias que nauegamos com tempos bonãças, & bem cõtentes de nòs, em hum junco que trazia mil bares de crauo, que valiaõ mais de cem mil cruzados, quiz a minha triste vẽtura por muytos peccados que contra Deos comety, que sendo Noroeste sueste com a ponta de Surobaya, na ilha da Iaoa, nos deu hum tempo de Norte tão rijo, que com a vaga dos mares cruzados, & co grande escarceo que o mar leuãtou, nos abrio o junco pela roda de proa; pelo qual nos foy forçado alijar o conuès, & corrẽdo assi aquella noite a aruore seca, sem mostrar ao vento hum só palmo de vella, por serem insofriueis as refegas que a miude o tempo de sy lançaua, viemos com assaz de trabalho atê meyo quarto dalua rendido, em que supitamente se nos foy o junco fundo, sem delle se saluarem mais que estas vinte & tres pessoas que nos aquy vedes, de cento & quarẽta & sete que nelle vinhamos.
Surobayaa 177(1).
Nas orações: 2643.
- [2643](Cap. 177) O moço foy logo preso & metido a tormento por algũas sospeitas que se tiueraõ, porem elle não confessou nada, nem disse mais senão que fizera aquillo, porque lhe viera â vontade, pelo có que el Rey lhe dera na cabeça em seu desprezo, como se fazia a qualquer cão que ladraua de noite pela rua, sendo elle filho do Pate Pandor senhor de Surobayaa, porem o moço foy espetado viuo em hum caluete de arrezoada grossura, que lhe meterão pelo sesso, & lhe sahio pelo toutiço, & o mesmo se fez tambem a seu pay, & a tres irmãos seus, & a sessenta & dous seus parentes, de maneyra que de toda sua geração não ficou pessoa a que se desse vida; a qual justiça tão sobejamente cruel & rigurosa, foy causa de auer muyto grandes aleuantamentos em toda a Iaoa, & ilhas de Bale, Timor, & Madura, que saõ estados muyto grãdes, em que ha Visorreys que distinctamente os gouernão com poder de mero & misto imperio, pela ordem antiga de seus gentilicos custumes.
Surubayaa 179(1).
Nas orações: 2662.
- [2662](Cap. 179) Pelo qual ajuntandose esses poucos senhores que ainda auia, assentaraõ de se passarem á cidade de Iapara, cinco legoas daly para a costa do mar mediterraneo, & logo o puseraõ por obra, onde passados despois de se sossegar o tumulto da gẽte plebeya, que ainda então era sem conto, se concluyo no eleger do Pangueyraõ, o qual vocablo propriamente quer dizer Emperador, & logo foy eleito hum Pate Sidayo principe de Surubayaa, que não foy nenhum dos oito poentes, porque assi pareceo necessario para o bẽ comũ, & quietação da terra, de que o pouo todo ficou muyto satisfeito, & logo o mandaraõ buscar pelo Panaruca a hum lugar daly doze legoas onde elle entaõ estaua, que se dezia Pisammanes, o qual veyo daly a noue dias acompanhado de mais de duzentos mil homens, embarcados em mil & quinhentos calaluzes, & jurupangos, onde foy recebido de todo o pouo, com mostras de muyta alegria, & foy logo coroado com todas as cerimonias custumadas por Pangueyrão de toda a Iaoa, & Bale, & Madura, que he hũa muyto grande monarchia de gente, poder, & riqueza.
(2) Objecto geográfico interpretado
Principado (ponta, povoação, principado). Parte de: Çamatra.
Cabo, cidade, principado ou reino. FMP situa na ilha de Iaoa (cap. 33). Nas ocorrências dos capítulos 177 e 179 o contexto para Surobaya é também claro em Java. GT: Surabaia. Thomaz (2002: 400): Surabaya em 7º 15′ S, 112º 45′ E. FMPP (vol. 4, p. 34), suponho que por gralha, inclui a Surobaya mencionada explicitamente por Pinto como ponta de Iaoa (cap. 33) na Sumatra, o resto das entradas como lugar em Sumatra. Cf. Sorobaya.