(1) Entidade geográfica mencionada
Taydacão. Taidacão 140(1).
Nas orações: 1918.
- [1918](Cap. 140) & nos lhe respondemos, que por sermos mercadores, & termos por officio tratar cõ nossas fazendas, nos embarcaramos no reyno da China do porto de Liãpoo para Tanixumaa, onde jâ tinhamos ido algũas vezes, & que sendo tanto auãte como a ilha do fogo nos dera hũa tamanha tormenta que não podendo pairar o mar, nos fora forçado correr em popa ao som do vẽto tres dias com suas noites, no fim dos quais vararamos co junco por cima da restinga de Taidacão, onde de nouenta & duas pessoas que eramos se afogaraõ logo as sessenta & oito, & nòs os vinte & quatro que aly via diante de sy, nos saluara Deos milagrosamente, sem outra cousa mais que sós aquellas chagas que via nos nossos corpos.
Taydacão 138(1), 140(1).
Nas orações: 1899, 1940.
- [1899](Cap. 138) Os poucos que escapamos deste miserauel naufragio, que naõ forão mais que vinte & quatro, a fora algũas molheres, tanto que a menham foy clara conhecemos que a terra em que estauamos era do Lequio grande, pelas mostras da ilha do fogo & a serra de Taydacão, & ajuntandonos todos assi feridos como estauamos de muytas cutiladas das ostras & das pedras que auia na restinga, encomendandonos a nosso Senhor com muytas lagrimas, começamos a caminhar metidos na agoa até os peitos, & alguns lugares atrauessamos a nado, & desta maneyra caminhamos cinco dias cõtinuos com tanto trabalho quanto a mesma cousa dâ a entender, sem em todos elles acharmos cousa que comessemos senão algũs limos do mar, & no fim destes dias prouue a nosso Senhor que chegamos a terra, & caminhando pelo mato, nos deparou a diuina prouidencia o mantimento de hũas eruas que nesta nossa terra se chamão azedas, de que comemos tres dias que ali estiuemos, até que fomos vistos de hum moço que andaua guardando gado, o qual tãto que nos vio, corrẽdo pela serra acima foy dar rebate de nòs a hũa aldea que estaua daly hum quarto de legoa, o que sabido pelos moradores della, apellidarão logo toda a comarca com grande vozaria de tambores, & buzios, de maneyra que em espaço de tres ou quatro horas se ajũtaraõ passante de duzentas pessoas, de que os quatorze eraõ de cauallo, & tanto que ouueraõ vista de nós se diuidirão em dous magotes, & se vierão direytos a nós, o nosso capitão vendo este triste & miserauel estado em que a desauentura nos tinha posto, se assentou em joelhos & com muytas palauras nos começou a animar, & lembramos que nenhũa cousa se mouia sem a vontade diuina, pelo que como Christãos deuiamos de entender que nosso Senhor se auia por seruido de ser aquella a nossa hora derradeyra, & que pois assi era, nos conformassemos todos com a sua vontade, tomando com muyta paciencia da sua mão aquella tão desestrada morte, pedindolhe de todo nosso coração & com muyta efficacia perdão dos peccados da vida passada, porque elle confiaua em sua misericordia, que gemendo nós todos, como a sua santa ley nos obrigaua, se não lembraria delles naquella hora, & leuantando com isto as mãos & a voz ao ceo, disse por tres vezes, com muytas lagrimas, Senhor Deos misericordia, com as quais vozes se leuantou em todos hũa tamanha grita de hum Christaõ & deuoto pranto, que com verdade posso affirmar que o que então menos se sentia era aquillo que naturalmente mais se teme.
- [1940](Cap. 140) lãçado nas prayas de Taydacão, de que toda esta gente ficou tão pasmada que sem duuida tem para sy que sois vos senhores do trato da China que he o mayor de todo o criado.
(2) Objecto geográfico interpretado
Serra. Parte de: Lequios.
Serra. GT inclina-se pelas Seven Sisters e identifica com Gotom. FMP refere-se sempre a uma serra na ilha Léquia grande, à altura da ilha do fogo, que situo como possivelmente a Guisham em 24º 50′ 31” N, 121º 57′ 6” E. A serra de Taydacão é, provavelmente, a que corre, ou parte dda que corre de norte a sul a ilha Léquia Grande, isto é, Taiwan, e a restinga e praias a que se refere Pinto, possível e aproximada, uma das que ficam a fronte da ilha Guisam.