(1) Entidade geográfica mencionada
Tuymicão. Taymicão 125(1).
Nas orações: 1690.
- [1690](Cap. 125) Passados algũs dias despois de ser chegado este Rey a esta cidade de Taymicão, nos quais ouue algũas festas notaueis, por se concluyr o casamento desta princesa Meyca vidau irmam del Rey com este Emperador Caraõ de que tenho tratado, o Tartaro, por parecer & cõselho dos seus Capitaẽs quiz de nouo tornar a tentar a empresa do cerco do Pequim que deixara, sentindo quasi por afronta em sua pessoa o mao successo passado, para o qual chamou logo a cortes por todo o reyno, & fez algũas ligas & cõfederaçoẽs, por meyo de grossas peitas, com muytos Reys & principes comarcãos, & vendo os pobres de nós, quanto isto nos podia prejudicar ao que nos era prometido a cerca da nossa liberdade, tornamos de nouo a importunar o Mitaquer, a quem era dado o cargo disso, trazendolhe á memoria algũas cousas que fazião a nosso proposito, & a obrigação que para isso nos tinha pela palaura que nos tinha dado, a que elle respondeo, tẽdes muyta razão no que dizeis, & eu muyta mais em vos não negar o que me pedis com tanta justiça, pelo que serâ bom conselho fazer disso lembrança a el Rey, porque se não perca vossa liberdade ao desemparo, & tãbem me parece que quanto mais cedo vos fordes daquy, tanto mais seguros estareis dos trabalhos que o tempo nos começa a mostrar nisto que agora sua alteza quer emprender de nouo por conselho de algũs que haõ mister mais de conselho para se gouernarem a sy mesmos, do que a terra ha mister de agoa para produzir os fruitos de suas sementes, mas à menham Deos querendo, eu lhe farey lembrança de vós, de vossa pobreza, & da orfindade de vossos filhinhos como por algũas vezes me tendes dito, porque quiçá se mouerá a pòr os olhos em vôs, como por sua realidade & grandeza custuma a fazer em casos semelhãtes a este vosso.
Tuymicão 45(1), 124(2), 126(2).
Nas orações: 538, 1675, 1677, 1700, 1701.
- [538](Cap. 45) Estes dizião que esta ilha era senhorio absoluto por sy, & de hum Rey muyto rico, o qual, por nome mayor & mais aleuantado sobre todos os Monarchas daquelle tẽpo, se dezia Prechau Gamuu, este falecẽdo sem deixar herdeyro, ouue nos pouos muyto grande discordia sobre quẽ soccederia no reyno, a qual foy em tanto crecimento, & chegou a derramar tanto sangue, que affirmão as chronicas que disso tratão, que em sós quatro annos & meyo morrerão a ferro dezasseis lacasaas de homẽs, & cada lacasaa tẽ cem mil, pela qual causa ficou a terra tão vazia de defensores, & tão desemparada, que o Rey dos Cauchins a conquistou, & se fez senhor della com sós sete mil Mogores que o Tartaro lhe mandou da cidade de Tuymicão que naquelle tẽpo era a metropoli do seu imperio.
- [1675](Cap. 124) Como este Rey Tartaro se passou desta cidade de Lançame para a de Tuymicão, onde foy visitado de muytos principes pessoalmente, & de outros por seus embaixadores.
- [1677](Cap. 124) E despois de a ter toda recolhida, se passou para outra cidade muyto mayor & muyto mais nobre, que se chamaua Tuymicão, onde foy visitado pessoalmente de algũs principes seus comarcãos, & por embaixadores o foy tambem doutros Reys & senhores de mais longe, de que os principaes forão seis assaz grandes & poderosos, quais forão o Xatamaas Rey dos Persas, o Siammom Emperador dos Gueos, que confina por dentro deste sertão co Bramaa do Tanguu, o Calaminhan senhor da força bruta dos elifantes da terra, como ao diante direy quando tratar delle, & do seu senhorio, o Sornau de Odiaa, que se intitula Rey de Sião, cujo senhorio cõfina por distãcia de setecentas legoas de costa, como he de Tanauçarim a Champaa cos Malayos & Berdios & Patanes, & pelo sertaõ, co Passiloco & Capimper, & Chiammay, & Lauhos, & Gueos, de maneyra que este somente tem dezassete reynos em seu senhorio, o qual entre esta gentilidade toda se intitula por grao mais supremo, senhor do elifante branco, outro era o Rey dos Mogores, cujo reyno & senhorio jaz por dentro do sertão entre o Coraçone que he jũto da Persia, & o reyno do Dely & Chitor, & hum Emperador que se chamaua o Carão, cujo senhorio, segũdo aquy soubemos, confina por dentro dos montes de Goncalidau em sessenta graos auante, com hũa gente a que os naturaes da terra chamão Moscoby, da qual gente vimos alguns homens aquy nesta cidade, que saõ ruyuos, & de estatura grande, vestidos de calçoẽs, roupetas & chapeos ao modo que nesta terra vemos vsar os Framengos & os Tudescos, & os mais honrados trazião roupoẽs forrados de pelles, & algũs de boas martas, trazião espadas largas & grandes, & na lingoagem que fallauão lhe notamos algũs vocablos Latinos, & quando espirrauão dezião tres vezes dominus, dominus, dominus.
- [1700](Cap. 126) Do caminho que fizemos desta cidade de Tuymicão atè chegarmos ao terreyro das caueyras dos mortos.
- [1701](Cap. 126) Partidos nós a noue dias do més de Mayo do anno de 1544. desta cidade de Tuymicão, fomos aquelle dia ja quasi noite dormir a hũs estudos que se chamauão Guatipamor, em hum pagode por nome Naypatim, nos quais os embaixadores ambos foraõ bem agasalhados pelo Tuyxiuau da casa, que era o Reytor delles.
(2) Objecto geográfico interpretado
Cidade (metrópole). Parte de: Tartaria.