(1) Entidade geográfica mencionada
Borneo. Borneo 21(1), 26(2), 35(2), 36(1), 149(1), 173(1), 174(1), 189(1).
Nas orações: 241, 302, 307, 399, 400, 415, 2111, 2593, 2606, 2826.
- [241](Cap. 21) E porque esta nossa lhe importa a elle mais que todas as outras para este seu danado proposito, nola manda agora tomar, a fim de continuar neste estreito com suas armadas, atè que de todo (como os seus publicamente ja dizem) vos tolha o comercio da droga de Banda, & Maluco, & o trato da nauegaçaõ dos mares da China, Sunda, Borneo, Timor, & Iapaõ, como temos sabido pelo cõtrato que agora nouamente tem feito co Turco, por meyo do Baxà do Cayro, que para isto tomou por seu valedor, o qual lhe tem dado grandes esperanças de ajuda, como pelas cartas que eu trouxe tereis ja sabido.
- [302](Cap. 26) Porem antes que trate de outra cousa me pareceo necessario dar relaçaõ do fim que teue esta guerra dos Achẽs, & em que parou o aparato da sua armada, paraque fique entendida a razão do pronostico, & do receyo em que tantas vezes cõ gemidos & suspiros tenho apontado por parte da nossa Malaca, tão importãte ao estado da India, quanto (ao que parece) esquecida daquelles de quẽ com razão diuera ser mais lẽbrada, porque entẽdo que por via de razão, de duas ha de ser hũa, ou destruyrse este Achẽ, ou por seu respeito virmos nos a perder toda a banda do Sul, como he Malaca, Banda, Maluco, Çunda, Borneo, & Timor, a fora no Norte, a China, Iapaõ, Lequios, & outras muytas terras & portos em que a nação Portuguesa, por seus tratos & comercios tem mais importante & mais certo remedio de vida que em todas as outras quantas saõ descubertas do cabo de boa esperança para diante, cuja grandeza he tamanha que se estende a terra por costa em distãcia de mais de tres mil legoas, como se poderâ ver nos mapas & cartas que disso tratão, se sua graduação estiuer na verdade.
- [307](Cap. 26) Este conselho pareceo taõ bõ a el Rey, que aprouandoo pelo milhor & mais acertado, mãdou aperceber hũa frota de cento & sessenta vellas, de que a mayor parte eraõ lãcharas, & galeotas de remo, cõ algũs calaluzes da Iaoa, & quinze nauios dalto bordo, cõ mãtimentos & moniçoẽs, & nestas embarcaçoẽs meteo dezassete mil homẽs, os doze mil de peleja, & os mais, gastadores & chuzma: & nos de peleja entrauão quatro mil estrangeiros, Turcos, Abexins, Malauares, Guzarates, & Lusoẽs da ilha Borneo, & por general do campo hia hum Heredim Mafamede, cunhado do mesmo Rey, casado com hũa sua irmam, & Gouernador do reyno de Baarrós.
- [399](Cap. 35) Tomè Lobo se deu tanta pressa em vender a fazenda, como quem se temia do que lhe tinhão certificado, & fez tão bõ barato della, que em menos de oito dias as casas estauão despejadas de toda a roupa, & não querendo tomar pimenta, nem crauo, nem outra droga nenhũa que pudesse fazer pejo, a trocou somente por ouro de Menancabo, & por diamantes que ahy tinhão vindo nos jurupangos de Laue, & de Tanjampura, & por algũas perolas de Borneo & Solor.
- [400](Cap. 35) E tendo ja quasi tudo arrecadado, com tenção de nos embarcarmos ao outro dia, ordenou o demonio que aquella noite logo seguinte acontecesse hum caso assaz espantoso, o qual foy que hum Coja Geinal Embaixador del Rey de Borneo que auia ja tres ou quatro annos que residia na corte del Rey de Pão, & era homẽ muyto rico, matou a el Rey, pelo achar cõ sua molher, pelaqual causa foy tamanha a reuolta na cidade, & em todo o pouo, que não parecia cousa de homẽs, se não de todo o inferno junto; vendo então algũs vadios & gente ociosa, desejosa de tais successos como aquelles, que o tempo & a occasiaõ era então muyto accommodada para fazerem o que antes co temor do Rey não ousauão, se ajuntaraõ nũa grande companhia quasi quinhentos ou seiscẽtos destes, & em tres quadrilhas se vieraõ à feitoria onde pousaua o Tome Lobo, & abalroando as casas por seis ou sete partes, nolas entraraõ por força, por mais que as nòs defendemos, & na defensaõ dellas foraõ mortas da nossa parte onze pessoas, entre as quais foraõ os tres Portugueses que eu trouxera comigo de Malaca, & o Tome Lobo escapou com seis cutiladas, de hũa das quais lhe derrubaraõ a face direita atè o pescoço, de que esteue à morte, pelo que a ambos nos foy forçado largarmoslhe a pousada cõ toda a fazenda que nella auia, & recolhermonos à lãchara, na qual prouue a Deos que escapamos com mais cinco moços, & oyto marinheyros, porem da fazenda não escapou nada, a qual só em ouro & pedraria passaua de cinquenta mil cruzados.
- [415](Cap. 36) Este Antonio de Faria trazia hũs dez ou doze mil cruzados em roupas da India que em Malaca lhe emprestaraõ, as quais eraõ de tão mà digestaõ naquella terra, que não auia pessoa que lhe prometesse nada por ellas, pelo que vendose elle de todo desesperado de as poder gastar, determinou de inuernar aly até lhe buscar espediente por qualquer via que fosse possiuel; & foy acõselhado por algũs homẽs mais antiguos na terra que a mandasse a Lugor, que era hũa cidade do reyno Sião mais abaixo para o norte cem legoas, por ser porto rico, & de grande escala, em que auia grande soma de jũcos da ilha da Iaoa, dos portos de Laue, Tanjampura, Iapara, Demaa, Panaruca, Sidayo, Passaruaõ, Solor, & Borneo, que a troco de pedraria & ouro costumauão a comprar bem aquellas fazendas.
- [2111](Cap. 149) E querendo este Rey Bramaa por grandeza de estado festejar esta entrega do Chaubainhaa, mandou que todos os capitaẽs estrangeyros com sua gente armada & vestida de festa se pusessem em duas fileyras a modo de rua para vir por ella o Chaubainhaa, o que logo foy feito, & esta rua tomaua desda porta da cidade até a sua tenda que seria distancia de dous terços de legoa, na qual rua estauão trinta & seys mil estrangeyros, de quarenta & duas naçoẽs, em que auia Portugueses, Gregos, Venezeanos, Turcos, Ianiçaros, Iudeus, Armenios, Tartaros, Mogores, Abexins, Raizbutos, Nobins, Coraçones, Persas, Tuparaas, Gizares, Tanocos da Arabia Felix, Malauares, Iaos, Achẽs, Moẽs, Siames, Lusoẽs da ilha Borneo, Chacomaas, Arracoẽs, Predins, Papuaas, Selebres, Mindanaos, Pegùs, Bramâs, Chaloẽs, Iaquesaloẽs, Sauadis, Tãgus, Calaminhãs, Chaleus, Andamoens, Bengalas, Guzarates, Andraguirees, Menancabos, & outros muytos mais a que não soube os nomes.
- [2593](Cap. 173) Partido este Rey da Çunda deste porto de Banta a cinco dias do més de Ianeyro do anno de 1546. chegou aos dezanoue à cidade de Iapara, onde o Rey de Demaa Emperador desta ilha Iaoa então se estaua fazendo prestes com hum exercito de oitocentos mil homẽs, o qual sabendo da vinda deste Rey da Çunda, que era seu cunhado & seu vassallo, o mandou receber á embarcação por el Rey de Panaruca Almirante da frota, o qual leuou comsigo cento & sessenta calaluzes de remo, & nouenta lancharas de Lusoẽs da ilha Borneo, & com toda esta companhia o trouxe onde el Rey estaua, do qual foy muyto bem recebido, & com honras muyto auãtajadas de todos os outros.
- [2606](Cap. 174) El Rey contente assaz de ver nelles tanto feruor & tanto animo, entre todos os setenta mil que então auia na cidade, escolheo somente doze mil que fossem neste feito, & os repartio em quatro bandeyras de tres mil cada hũa, das quais foy por general hum tio del Rey irmão de sua mãy, chamado Quiay Panaricão, homem que por experiencia tinha jâ mostrado ser muyto para este feito, & que tambem leuaua a seu cargo a primeira bandeira: da segunda hia por capitão outro Mandarim principal que se chamaua Quiay Ansedaa: da terceyra hum estrangeyro Champaa de nação, natural da ilha Borneo, por nome Necodaa Soolor: & da quarta outro que se dezia Pambacal hujo, todos muyto bõs capitaens, & muyto esforçados & praticos na guerra.
- [2826](Cap. 189) Affirmão algũs que tem dentro em sy quatrocentos mil fogos, dos quais os cem mil saõ de naçoẽs estrãgeyras de muyto diuersas partes do mundo, porque como este reyno he muyto rico em si & de grãdissimo trato para todas as prouincias & ilhas da Iaoa, Baile, Madura, Angenio, Borneo, & Solor, não ha anno que não naueguẽ de mil jũcos para cima, a fora outros nauios pequenos de que todos os rios & portos estão sempre occupados.
Borneos 16(1), 17(1), 57(1), 59(1), 68(1), 186(1).
Nas orações: 171, 187, 694, 715, 827, 2789.
- [171](Cap. 16) Logo ao outro dia partio el Rey deste lugar de Turbaõ para o Achem, que eraõ dezoito legoas, & leuaua em sua companhia quinze mil homẽs, de que sós os oito mil eraõ Batas, & os mais Menãcabos, Lusoẽs, Andraguires, Iambes, & Borneos, que os Principes destas naçoẽs lhe mandaraõ de socorro, & quarenta Alifantes, & doze carretas de artilharia miuda de falcoẽs & berços, em que entrauão dous camellos, & hũa meya espera de brõzo com as armas de França, que se ouue de hũa nao que no anno de 1526. gouernando o estado da India Lopo Vaz de Sampayo, foy aly ter com Franceses, de que era Capitão & Piloto hum Portuguez natural de villa de Conde, que se chamaua o Rosado.
- [187](Cap. 17) E ficando com isto ambos quietos mais quatro dias, apareceo hũa menham no meyo do rio contra a parte do Penacão hũa armada de oitenta & seis vellas, com grande regozijo de tangeres & estas, & com muytos estendartes & bandeiras de seda, que aos Batas meteo em grande confusaõ, por não saberẽ o que era, porem as suas espias tomaraõ aquella noite cinco pescadores, os quais metidos a tormento confessaraõ que era a armada que o Rey Achem auia dous meses tinha mandado a Tanauçarim, porque tinha guerra co Sornau Rey de Sião, na qual disseraõ que vinhão cinco mil homẽs Lusoẽs, & Borneos, gente toda escolhida, & por Capitão mòr delles hum Turco por nome Hametecão, sobrinho do Baxà do Cayro.
- [694](Cap. 57) E vendoos daquella maneyra lhes perguntou pela causa de sua desauentura, & elles lha contaraõ com mostras de muyto sentimento, dizendo, que auia dezassete dias que tinhaõ partido de Liãpoo para Malaca, com proposito de passarem á India, se lhe a monção não faltasse, & que sendo tanto auante como o ilheo de Çumbor os comerera hum ladraõ Guzarate, por nome Coja Acẽ, com tres juncos & quatro lanteaas, nas quais sete embarcaçoẽs trazia quinhentos homẽs, de que os cento & cinquenta eraõ Mouros Lusoẽs, & Borneos, & Iaos, & Champaas, tudo gente da outra costa do Malayo, & pelejando com elles desde a hũa hora atè as quatro despois do meyo dia, os tomara com morte de oitenta & duas pessoas, em que entraraõ dezoito Portugueses, a fora quasi outras tãtas que leuara catiuas, & que no junco lhes tomara de emprego seu & de partes mais de cem mil taeis.
- [715](Cap. 59) Vendo então os Capitaẽs das nossas duas lorchas (os quais se chamauão Gaspar Doliueyra, & Vicente Morosa) o tempo disposto para effeituarẽ o desejo que trazião, & a inueja honrosa de que ambos se picauão, arremeteraõ juntamente a ellas, & lançãdolhe muyta soma de panellas de poluora, se ateou o fogo em ambas de maneyra, que assi juntas como estauão arderão até o lume da agoa, com que a mayor parte da gente dellas se lançou ao mar, & os nossos os acabaraõ aly de matar a todos ás zargunchadas, sem hum só ficar viuo; & somente nestas tres lorchas morreraõ passante de duzentas pessoas; & a outra que leuaua o Capitão morto tão pouco não pode escapar, porque Quiay Panjaõ foy tras ella na sua champana, que era o batel do seu junco, & a foy tomar ja pegada com terra, mas sem gente nenhũa, porque toda se lhe lançou ao mar, de que a mayor parte se perdeo tambem nũs penedos que estauão junto da praya, com a qual vista os inimigos que ainda estauaõ nos juncos, que podião ser até cento & cinquenta, & todos Mouros Lusoẽs, & Borneos, cõ algũa mistura de Iaos, começaraõ a enfraquecer de maneyra, que muytos começauão ja a se lançar ao mar.
- [827](Cap. 68) Nesta lanteaa se embarcou Antonio de Faria, & chegando ao caiz com grande estrondo de trombetas, charamellas, ataballes, pifaros, atambores, & outros muytos tangeres de Chins, Malayos, Champaas, Siames, Borneos, Lequios, & outras nações que aly no porto estauão à sombra dos Portugueses, por medo dos cossayros de que o mar andaua cheyo, o desembarcarão della em huma rica cadeyra de estado, como Chaem do gouerno dos vinte & quatro supremos que ha neste imperio, a qual leuauão oito homens vestidos de telilha, com doze porteyros de maças de prata & sessenta albardeyros com panouras & alabardas atauxiadas de ouro, que tambem vierão alugadas da cidade, & oito homens a cauallo com bandeyras de damasco branco, & outros tantos com sombreiros de citim verde, & cramesim, que de quando em quando bradauão â Charachina, paraque a gente se afastasse das ruas.
- [2789](Cap. 186) Ao rebate disto o Oyaa Passiloco, capitão general da cidade, acudio com muyta pressa para aquella parte, acõpanhado de quinze mil homẽs que trazia comsigo, de que a mayor parte eraõ Lusoẽs, Borneos, & Champaas, cõ algũa mistura de Menancabos, & mandou abrir as portas por onde o Bramaa pretendia fazer entrada, & lhe mandou dizer, que elle tinha ouuido que sua alteza prometera de dar mil biças douro a quẽ lhe abrisse aquellas portas, que elle lhas tinha jâ abertas, que poclia entrar cada vez que quisesse, com tanto que cumprisse com elle sua palaura como Rey grandioso que era, cõ lhe mandar as mil biças, porque estaua esperando aly por ellas para as receber.
(2) Objecto geográfico interpretado
Ilha (mar). Parte de: Insulíndia.
Referente contemporâneo: Borneo, Indonesia (AS). Lat. 1.000000, long. 114.000000.
Ilha e reino. Gentílico: borneos. GT (porto) : 4º 55′ N, 114º 57′ E.